27 março 2006

convite, trailer e estatísticas

Ao longo dos últimos meses muitas foram as pessoas que acompanharam todo o processo de criação da curta "Paraíso Fiscal" aqui no blog, que teve muito mais visitas do que alguma vez esperei, e cuja receptividade foi muito boa. Choveram reacções (e reclamações pela demora das actualizações) de muitos lados, que me surpreenderam. A todos muito obrigado. Mas o blog não morre aqui... Aproxima-se apenas um passo importante: a ESTREIA !
Por isso estão todos convidados a vir ver (finalmente) o "Paraíso Fiscal" e ainda mais outras 4 fantásticas curtas, "Instantes Decisivos", "O Outro Lado", "Momento com Registo" e "Clube dos Animais", que compõem o leque de produções finais do curso de Som e Imagem do ano 2006. Vai valer a pena, garanto, porque todos os trabalhos estão com muito nível.

A estreia será no Auditório Ilídio Pinho, na Universidade Católica do Porto (foz), na próxima quarta-feira, pelas 21.30, com direito a cocktail e a discurso do João (sim, aquele tipo ingénuo que fica sempre tímido e se baralha todo... promete!)

Ficam ainda aqui dois pequenos presentes para todos aqueles que cá vêm com frequência:

"Let's look at the trailer..."



E ainda algumas curiosidades estatísticas sobre a Mega-Produção:

• 11 horas de filmagens mais 6 horas de making of
• mais de 400 planos
• mais de 14 computadores diferentes para trabalhar na edição de imagem e som
• mais de 100 tracks de audio na edição de som
• 2 meses de pré-produção, 1 mês de construção do cenário, 9 dias de filmagens, 2 meses de pós-produção
• 11 actores (vieram mais de 60 ao casting) e uma equipa "residente" de 17 pessoas
• 27 empresas que nos apoiaram
• 2 câmaras Hdv e 5 tripés diferentes
• 8 pilhas gastas no megafone
• mais de 285 litros de água
• mais de 150 refeições
• mais de 400 iogurtes, mais 180 pães, mais de 15 Swirls e pelo menos 3 Kinder Delice
• mais de 100 faxes enviados e milhares de impressões
• 100m2 de cenário construído de raiz
• 7 Grelhas de iluminação suspensas a 15m de altura com 250 metros de cordas de rappel
• cenário com 52 móveis, 21 caixas arquivadoras, 5 telefones, 12 taças, 9 carimbos, 1 marca d'água, 5 computadores, 4 pirilampos mágicos, 2 extintores, 5 jornais iguais, dezenas de lápis e canetas etc ...
• 23 livros escolares (!)
• 60m2 de madeira
• 378 capas de arquivo com argolas
• 450 reproduções de impressos das finanças
• 290 dossiers de arquivo
• 780 kg de papel, entre os quais mais de 30 eram listas telefónicas e mais de 300 jornais (que depois foram para reciclar)
• 148 metros de papel de parede
• 17,5 m2 de cortinas
• 390 metros de fitas colas
• 4 vasos (1 virtual)
• 7 rolos de senhas de vez
• mais de 20 voltas ao mostrador dos números
• 53 fotocópias tiradas em filmagem
• mais de 40000W de luz em 35 focos de iluminação
• 32 explosões
• 80 kg de gelo seco
• 5 euros em moedas dos quais só chegaram ao fim 2,10... hum....
• 1 frasco de gel, 2 frascos de base (maquilhagem), 3 latas de laca, 3 collants, e mais de 50 ganchos do cabelo
• 1 acidente de viação (e um pequeno acidente diário à Joana Milheiro na construção do cenário)
• 1 moldura com uma fota da mãe e da gata da Joana Mesquita
• 1 moldura com uma foto do realizador



(escrito ao som.... arh... já não ouço nada... )

26 março 2006

os personagens

FUNCIONÁRIOS


Zulmira
É funcionária das finanças há 25 anos. Tem uma vida muito rotineira. Vive com a mãe e com 1 numa casa pequena. Depois do trabalho vai para casa e faz o jantar, enquanto a mãe faz arranjos de roupas numa máquina de costura antiga. Em casa, Zulmira é submissa à mãe. Fora de casa, é carrancuda, com necessidade de se impor, altiva, arrogante e com a clara tendência a assumir a liderança em todas as situações, no trabalho, por ser a funcionária mais antiga. O seu desejo era libertar-te daquela rotina e ser independente. A sua maior frustração é não ser casada, ainda viver com a mãe e ter complexos com o seu nome, pois desde criança que o seu nome é sempre o ultimo a ser chamado.

Augusto
É solteiro e vive com os seus dois irmãos, num apartamento antigo. Os dois irmãos são mais velhos e reformados. No final do dia, depois das 16h da tarde, compra o jornal desportivo e o diário antes de ir para casa. Ás vezes passa no supermercado para fazer algumas compras, uma vez que é o único que tem carro. Pára no café, sempre o mesmo de todos os dias e bebe um pingo, ao mesmo tempo que lê os jornais.O seu sonho é ganhar o euromilhões para abrir uma Fundação em seu nome. A sua frustração é ter que aturar os outros irmãos mais velhos, reformados.

Júlio
Acorda às 7h45 para ter tempo de se arranjar e preparar o seu almoço. Sai de casa às 8h30. Chega ao trabalho entre as 8h50 e as 9h. Sai do trabalho às 17h. Chega a casa às 17h30. Prepara o jantar. Vai buscar a sua esposa ao emprego às 20h. Chegam a casa às 20h30. Depois de jantar vai preparar a sua roupa para o dia seguinte. Gosta muito de ver séries televisivas e filmes de comédia e de animação. É meigo com a sua esposa, embora entre eles não haja muito diálogo. Júlio é estéril e a sua maior frustração é não poder ter um filho seu. Tem uma atitude pessimista perante tudo, é enérgico, inflexível e um pouco avarento. Adora cozinhar e é muito meticuloso em tudo o que faz.

Paula
Mora com os pais e tem uma irmã mais velha que adora. O seu sonho é ser como a irmã, ter uma boa profissão, uma boa casa e um bom marido. Adora os seus dois sobrinhos e gosta muito de passear com eles ao fim de semana. Quando não está com os sobrinhos, vai às compras, pois aprecia estar na moda e fazer jogging. Gosta de ouvir musica e ir ao cinema com as amigas. Teve já vários namorados, mas nenhum lhe pareceu demasiado sério. Gostava de casar e pensa muitas vezes no homem dos seus sonhos. É trabalhadora, não se importando de fazer horas extra, mas não é muito esperta.


PÚBLICO


Francisco
Não se preocupa muito em acabar o curso rapidamente, pois trabalha na fábrica de tintas do pai. Os pais são divorciados e vive com o pai, que tem 48 anos e é um bon vivant. Francisco tem uma vida social activa, sai a noite aos fins-de-semana para beber um copo com os amigos. Tem uma namorada mais nova que anda na mesma faculdade no curso de Direito. A sua principal frustração é estar a começar a ficar com entradas no cabelo, por isso é uma pessoa vaidosa, e como está habituado a ter tudo o que quer, é arrogante, impaciente e mimado. Adora jogar bilhar em casa e o seu maior desejo é ser rico como o pai, sem esforço.

Lurdes
É honesta e trabalhadora, mas grosseira e conflituosa se se sente ameaçada. Vive com os pais. O pai dos seus 2 filhos deixou-a.Acorda às 7h.Está das 8h às 18h na escola e a essa hora volta para casa, de autocarro. Quando chega a casa liga a televisão da cozinha e começa a fazer o jantar. Às vezes sai de casa à noite com uma amiga e vão até ao café conversar com as pessoas da rua que também lá se encontram. O seu sonho é encontrar um outro homem que a fizesse feliz e que fosse um bom pai para os filhos.

Fábio
Aparenta ser bem comportado, mas em situações de impaciência é irrequieto e faz traquinices. De manha, vai com a mãe no autocarro, mas no final das aulas, às 16h, vem embora com dois amigos. Gosta de pregar partidas às vizinhas, andar de bicicleta, coleccionar minhocas dentro de um frasco. Joga futebol e queria ser futebolista. Quer por um piercing na orelha, coisa que a mãe não deixa. É reguila, traquina, agitado e esperto. A sua principal frustração é ser baixinho lhe chamarem Pikachu.

Xavier
Revela uma certa fragilidade física.Tem problemas respiratórios e de coluna. É vaidoso e cuidadoso com a sua imagem.Antes de se reformar era um sapateiro bem sucedido.É casado e vive com a mulher numa casa pequena. Tem um filho a viver em França e do qual sente muita falta, por este motivo, é rezingão e introvertido, aliviando apenas esta faceta para o grupo de amigos de há muitos anos, também reformados, com os quais joga às cartas no café ou no jardim.

Laura
É de classe média alta por casamento com um empresário dono de uma fábrica de plásticos. Apesar de leccionar numa escola secundária, tem um horário reduzido e muito tempo livre. Sai com as amigas, vai frequentemente às compras e ao cabeleireiro. Tem um marido ausente que está sempre em negócios e que dá pouca atenção à esposa e filha. Laura parece conformada, pois receia perder todo o conforto financeiro e pensa principalmente na filha. É uma mãe atenciosa. A sua maior frustração é o seu casamento, por isso é impaciente e, de certa forma, carente.

Coutinho
É descuidado no visual. Coutinho é testemunha de Jeová, por influência da sua mulher, embora sem ligar muito a isso. Gosta de observar mulheres jovens e bonitas quando vai na rua, sendo repreendido por isso, algumas vezes. O seu principal desejo era ter uma mulher mais nova, como a Marisa Cruz e a sua principal frustração é continuar casado com a sua mulher e não ter emprego. Colecciona porta-chaves e ajuda a mulher a entregar bolos que faz para vender para fora. É pouco tolerante a comentários e perde logo a paciência, metendo-se ao barulho à mínima provocação. Adora futebol e é adepto ferrenho do Futebol Clube do Porto.

Hélder
É brincalhão, descontraído, divertido, esperto, mas um pouco desleixado com a aparência e com as suas responsabilidades no trabalho. Trabalha o indispensável para ganhar dinheiro porque o que ele gosta é de carros e por isso gasta a maior parte do seu dinheiro a comprar peças para o seu carro, um Opel Corsa com alguns anos. O seu maior desejo é ter um Honda CRX e montar uma oficina de carros. Gosta de ir beber uns copos com os amigos ao café. Tem uma namorada há 6 anos, com quem vai casar. Além de sair com a namorada, sai por vezes com outras amigas.

25 março 2006

voador do paraíso

também há quem lhe chame flyer....

o post da Deusdado, ou o Carnaval

Aqui está, o post prometido!
A razão pela qual a Joana Deusdado tem dormido muito pouco (não, não é por causa dos ritmos, até porque a percursão dela é outra...), mas sim por causa das máscaras. E perguntam vocês o que são as máscaras!? Bom, depois da edição concluída há sempre retoques que se têm de fazer, por preciosimo ou por profissionalismo, ou qualquer outra coisa acabada em ismo. Para disfarçar bocados fora do cenário ou focos que se ficaram a ver, detalhes que ficam mal na imagem, ou qualquer outra coisa que não fica esteticamente bonita no que diz respeito à imagem. No nosso caso havia imensas máscaras a fazer. Aliás foram tantas máscaras que isto parecia o Carnaval... (mais uma piada desta e encerram-me o blog!)
Fazer máscaras é um processo chato e demorado, principalmente quando há movimentos e se tem de fazer ponto por ponto, frame por frame. Basicamente o processo é colocar uma imagem corrigida sobre a que está mal e recortar a parte que interessa ficar. Mas isso para a Joana não é nada...

De seguida apresento alguns exemplos do tipo de correções que as maravilhas da tecnologia permitem fazer.

A maior parte das correções que fizémos foi a falhas no "tecto" ou por se verem os limites do superiores cenário, como no caso seguinte em que no canto superior direito ve vê (ou via) o fim do cenário.

Este caso particular também foi interessante. Num dos dias de filmagens, por questões de câmaras tivémos de afastar o cenário uns metros para trás e por causa disso ficámos sem uma das paredes (ao fundo vê-se um bocado do estúdio). Havia obviamente que corrigir isto, e neste caso particular foram usadas 3 máscaras sobrepostas.

Uma coisa que acontece quando há realizadores distraídos é os pés deste aparecerem na imagem (do lado esquerdo). Mais uma desafio, ainda por cima com fumo a espalhar-se...

Algumas das máscaras que fizémos foi por causa da continuidade dos números que deveriam aparecer no mostrador, e que com tantos cortes e trocas na edição acabaram por ficar desordenados. Mais uma máscara feita desta vez com um tipo de letra semelhante, correções de cor, e o recorte na cabeça do miúdo.

Como eu disse ao início foram muitas as máscaras feitas, e é um trabalho de certo modo ingrato porque ninguém vai reparar que elas existem (se assim for é sinal que foram bem feitas). O plano inicial do filme, que tem quase um minuto e é em movimento, tem uma máscara que foi feita por questões de correções de cor, quase frame a frame. Essa foi trabalhosa, e só por causa disso é que a Deusdado teve direito a um post só dela... lol...

(máscaras feitas ao som de Muse - Megalomania)

24 março 2006

e agora, algo de completamente diferente

Os últimos dias foram intensos, cheios de emoções. A nossa vida faz-se agora entre a faculdade e a faculdade. Até estou a escrever, pela primeira vez, a partir de um dos laboratórios aqui da UCP. Já não vemos a cama como deve de ser há muito tempo, e a vida em comunidade por aqui, entre nós e com as outras produções, começa a parecer o Big Brother. Como podem ver (ou ler) isto está-me mesmo a afectar a cabeça.

Na terça feira fizémos um teste ao som e imagem no Ilídio Pinho, que é o auditório onde será a estreia. Em termos de imagem não ficou muito mal, embora as cores sejam um pouco diferentes das que estamos habituados a ver, e esteja bastante mais escura. A este nível estamos a fazer alguns melhoramentos (pormenores), porque no essencial está efectivamente pronto (e como será um projector HD, tudo será diferente). O som, não soava mal, mas nós sabíamos que não ia ser aquilo porque não tivémos tempo de acabar a parte sonora a tempo. Três semanas para fazer o som de um musical tão complexo é muito pouco tempo. Esta questão deixou-me muito preocupado nas últimas semanas porque achei muitas vezes que não íamos ter tempo de fazer o som para a estreia. Hoje já estou mais descansado e entusiasmado. A banda sonora já está pronta (e só foi preciso umas correções à primeira versão porque o Artur fez mesmo aquilo que nós queríamos), e dá uma nova dinâmica ao filme. Em termos de som já gravámos tudo com os actores, os foleys, e ambientes sonoros, e estamos neste momento a acabar a sincronização e a começar a equalização e mistura. Como estávamos com pouco tempo optámos por pedir ajuda a mais algumas pessoas de som e dividímos o trabalho por todos. Neste momento a Joana Mesquita está comigo a trabalhar a parte rítmica da música (que estava muito monótona e repetitiva) e tem sido complicado convencê-la a cortar instrumentos e a alterar-lhes a cadência, porque ela é mesmo perfeccionista - algo de muito complicado quando se está a correr contra o tempo...
Ao mesmo tempo o Luís trata de tudo o resto. E como problemas técnicos tem sido o que não nos tem faltado ainda hoje tívemos de regravar alguns sons, como o fumo que foi gravado com uma lata de spray !!! (que por acaso era minha...) Ideias para o som há muitas... falta é tempo para as pôr em prática. Mas quem sabe se no dvd o filme não terá um versão tipo "director's sound cut" ou algo do género, com uma parte sonora melhorada.
A animação 3d que o João Seabra fez tem sido incansavelmente alterada várias vezes para chegar onde nós queremos, e também porque, já mudei de ideias várias vezes quanto a esse assunto. Ainda vamos fazer uma nova versão, mas não sei se vem a tempo da estreia!

(continua a custar à Joana mudar os ritmos... ghrrrr...)

A divulgação tem sido feita de várias maneiras. Chegaram os cartazes da gráfica que já estão espalhados por aí. Fizémos uns flyers que também já voam (que trocadilho foleiro!). A Susana anda "entretida" a preparar os kits para divulgação que terão muitas informações e algumas surpresas sobre o filme, e futuramente o Dvd, ao mesmo tempo que a Teresa anda a enviar convites, e a fazer a ponte com a imprensa (também já foi enviado o press release).

(Joana!!!! corta... sem medos...)

No meio de tudo isto ainda tivémos tempo para apresentar o trailer (que em breve estará aqui para download) assim como o making of, numa mostra que houve no Bar das Artes ontem à noite, e a verdade é que foi um sucesso.
Bom, começo como acabei. Sentado, na faculade, onde ando dividido entre as várias salas nos vários andares, e que tem sido nossa casa nos últimos dias, mais até do que na altura da produção. Ou é do cansaço, de não termos horários certos ou de outra coisa qualquer, mas temos estado todos muito estranhos ultimamente... desde os nossos desejos súbitos por fast-food ou por gelados, às doenças e dores que nos vão atingindo a todos, ou às danças que fazemos às 5 da manhã nos laboratórios da UCP, com os seguranças a micar tudo pelas câmaras, as corridas nos corredores, a chuva, a música dos instantes decisivos, e as suas versões adulteradas (hum...), enfim... antes do devaneio estava a dizer que continuo a escrever num Mac com um teclado rançoso (peço desculpa pelos erros!), cheio de sono, mas desperto para o filme que continua aqui a nascer (parto difícil... hey Joana!? ai, ai, ai... vou cortar eu...) até porque estamos em regime militar, e o capitão aqui no que diz respeito a isto é o Dani, que tem o cargo mais "odiado", já que o peso da responsabilidade de cumprir horários e prazos é dele, o que o faz pressionar toda a gente, e bem! :-)

A nossa editora, e Joana Deusdado, que tem com certeza um complexo de inferioridade (se calhar é por ser baixinha), ficou muito chateada por não falar nela no blog há muito tempo... assim sendo, já de seguida, um post inteiramente dedicado a ela.. ah? quem é amigo?...

(Mesquita... vamo-nos chatear.... tira isso!!!!)

(escrito ao som de excertos (repetitivos) da parte rítmica daquilo que será o Paraiso Fiscal)

12 março 2006

o tempo?


O tempo voa. A poucos dias da estreia ainda há muito a fazer. As últimas semanas têm sido cada vez mais intensas.

A edição está fechada. Depois de termos chegado a uns incríveis 15.30, concluímos que estava tudo depressa demais e dilatámos de novo para os 16, que será o tempo final da curta. Depois de termos fechado em termos de cortes e planos, começámos a sincronizar tudo com o metrónomo, essencial na nossa produção, visto ser um musical. Foi uma tarefa complicada, mas divertida e muito compensadora. Penso que o filme ficou completamente diferente depois de todos os planos baterem ao ritmo certo. Nós ficávamos muito entusiasmados sempre que íamos vendo os excertos, e por vezes até entrávamos no ritmo... Em alguns planos as várias personagens não estavam sintonizadas umas com as outras... então usámos um pequeno truque para dividir o ecrã em dois em que uma das metades está mais acelerada do que a outra, e ficou tão perfeito que ninguém vai acreditar que aquilo não foi filmado mesmo assim... Estamos a ultimar os últimos pormenores. Sabemos que ainda vamos ter de mexer em alguns planos, porque o "som" já nos avisou que algumas coisas não estão no tempo certo. Entretanto a magia acontece. Máscaras, crops, keys, photoshop, etc... tudo o necessário para corrigir aqueles pequenos erros que vão aparecendo, como focos, falhas no cenário, "tectos", fins de parede, cabos, e até há um plano em que vamos simular o exterior (a rua) por entre a porta. São os pormenores que fazem a diferença.
Também já fizemos os estudos de cor para o filme, e concordámos (eu e o Nuno) em adulterar um pouco a cor original e usar alguns filtros para conseguir os efeitos que queríamos: o espaço soturno no início, e a ideia de Paraíso para o final. Vamos tratar disto nos próximos dias. Também já resolvemos o início do filme e o final, que tem uma surpresa, e com uns créditos que passam tão rápido que nem o Flash os vai conseguir ler... obviamente estamos a resolver a questão, tentando não deixar nenhum nome de fora...
Em simultâneo vão acontecendo várias coisas:

- no "som" trabalha-se toda a parte sonora do filme (que bela conclusão!) uma vez que não vamos aproveitar praticamente nenhum som original. É como ter um filme mudo aos quais lentamente se adicionam os sons que fazem as imagens ganharem vida. A Joana Mesquita e o Luís, começaram por fazer a parte rítmica do filme, que agora parece uma coisa completamente diferente, apesar de ainda haver alguns que eu não gosto muito... Falta ajustar volumes, pitchs e reverbs... Aí sim, vai-se ver a diferença.

- o Artur começou a fazer a banda sonora que deve estar pronta em breve. Na sua incursão até à nossa sala para ver o filme, penso que terá ficado bastante entusiasmado com o que viu, pelo que deve ser um prazer estar a compor para nós.

- O João Seabra está a fazer a parte 3d, que entra na última sequência do filme. Entre pontos, riscos, e trackings, já dá para vislumbrar como irá ficar... e na minha opinião vai ficar óptimo.

- a Mafalda e a Teresa andam a pensar as estratégias de marketing, promoção e exibição do filme. Seleccionam festivais, vêm as questões dos dvds, cartazes, etc...

- por falar em cartazes, o grafismo está praticamente pronto. Foram muitas as ideias, mas optámos, embora não em unanimidade por aquela que nos pareceu resultar melhor... sem usar as personagens, mas usando antes o cenário e todo o contexto do filme no lettering, etc. Hesitamos bastante entre usar o logótipo já existente ou criar um novo, assim como em outros pormenores. Vamos usar dois tipos de letra, e as cores serão de um modo geral escuras e em tons esverdeados. Ficam aqui algumas das ideias, e em breve o cartaz final. A partir daqui a Joana Milheiro está a desenvolver toda a restante linha gráfica.

- parte da estratégia de promoção passa pela distribuição de kits, que terão entre outras coisas, dvds, t-shirts, e diverso material como sinopses, CVs, posters, material gráfico, fotos, etc... a Susana tem estado a tratar do assunto.

- o dvd terá alguns extras que estão a ser trabalhados. O Pedro está a finalizar a edição do making of, que irá ser exibido ainda antes da curta, no Bar das Artes no dia 23, assim como o trailer que estamos a preparar. Promete!

Bom, o ponto de situação por hoje está feito... Vou tentar fazer mais alguns posts nos próximos dias com conteúdos como o das sinopses para quem quer conhecer mais do filme...
Até breve.

(escrito ao som de Arcade Fire - Crown of love)

10 março 2006

as sinopses

Sinopse de Catálogo:
Uma repartição de finanças. O tempo passa. Nada acontece. A espera parece interminável. O tédio alastra e degenera numa musicalidade contagiante que não deixa ninguém indiferente.


Sinopse Comercial:
Não há quem goste de ir a uma repartição de finanças. Enfadonha. Monótona. Soturna. O ar é pesado. O aborrecimento é o sentimento dominante. Numa tarde de Outono, quatro funcionários parecem empenhados em atrasar a vida a sete pessoas que aguardaram o dia inteiro para serem atendidas. A tensão cresce e o conflito parece eminente. O próximo a ser atendido dirige-se ao balcão e começa a bater com uma caneta para chamar à atenção. Uma funcionária, insistindo em não o atender, responde sonoramente. Gera-se um compasso musical que alastra a todos e culmina numa euforia sonora competitiva, num cenário totalmente inesperado… a plena celebração do tédio.